Jennifer Wilde - Demônio

Não é preciso dizer muito, sou algo finito, tenho começo, meio e ao que tudo indica um fim.

Tudo na vida possui um proposito, o meu é ser um objeto de acesso, acesso a minha mãe neste mundo, resistir a isso seria mera perda de tempo, não sou dona plena do meu corpo, nunca terei meus próprios pensamentos, uma vida dividida nunca será plena.

Deixar suas vontades e sonhos de lado, realizar os desejos de outro, talvez soe estranho para alguns, mas de certa forma não me incomoda, fui educada a cumprir meu papel, mas não me anulo por completo, não vivo como uma sombra, nunca deixarei que minha presença não seja notada.

Há algo sobre meu futuro que nem eu mesma sei, algo ruim, toda vez que minha mãe esta em mim, posso ver minúsculos vislumbres disso e pensar nisso me atormenta.

Existem partes da minha infância que não me lembro, apenas grandes vazios, sei que algo relacionado ao meu destino aconteceu nessa época, mas penso que nunca saberei o que foi.

Talvez por isso eu seja fechada, amarga e machuque os outros, muitas vezes somente com palavras, descontando neles o meu medo do futuro, o medo do incerto, aquilo que me assombra mesmo que eu não faça ideia do que seja.